domingo, 17 de agosto de 2014

Anticorpos combinados com indutores controlam o HIV em ratos, mesmo após interrupção de tratamento, revela pesquisa

Uma recente descoberta de tratamento do HIV, da Rockefeller University, em Nova York, batizada de "choque e mate", foi testada em camundongos e revelou-se bem-sucedida em 57% dos animais. Ela consiste em manter o HIV indetectável mesmo depois de se interromper o uso de antirretrovirais. Para isso, utiliza a força de anticorpos amplamente neutralizantes do HIV junto com uma combinação de compostos que induzem a transcrição viral. Os resultados desse estudo foram publicados em 14 de agosto na revista científica “Cell”.

Manter o HIV efetivamente indetectável após a interrupção do uso de antirretrovirais era até então considerada missão impossível. O vírus se multiplica no momento em que o fluxo de medicamento é interrompido – o HIV tem a capacidade de se esconder em reservatórios latentes de células infectadas, invisíveis ao sistema imunológico e inacessíveis aos medicamentos. A combinação descoberta pelos pesquisadores da Rockefeller University conseguiu atacar estes reservatórios latentes das células, nos camundongos. 

Os reservatórios latentes problemáticos de células infectadas pelo HIV são estabelecidos muito cedo nas infecções, possivelmente, até mesmo antes de testes poderem detectar a presença do vírus. As terapias de antirretrovirais são incapazes de matar as células latentes. 

“O reservatório latente continua a ser a principal barreira para a cura da infecção por HIV”, diz Michel C. Nussenzweig, pesquisador de um dos laboratórios envolvidos no estudo. "Nossa descoberta sugere que os anticorpos poderiam desempenhar um papel significativo na interrupção do surgimento e da manutenção do reservatório latente, que se acredita ser um passo necessário para a cura de pacientes de HIV." 

O laboratório de Nussenzweig trabalhou por vários anos em anticorpos amplamente neutralizantes, um subconjunto recentemente descoberto, com uma capacidade excepcionalmente alta para reconhecer o HIV de forma consistente – o vírus tem a capacidade de sofrer mutações muito rapidamente. Esses anticorpos amplamente neutralizantes têm mostrado uma grande eficácia no tratamento de infecção por HIV em ratos e macacos. Mas, isolados, eles sofreram o mesmo problema que afetou outras terapias: quando se para de administrá-los, o vírus ressurge. 

A chave para o sucesso, neste caso, foi a combinação de anticorpos amplamente neutralizantes com indutores virais, compostos que fazem os vírus latentes se tornarem ativos rapidamente, promovendo a transcrição de seu DNA. A ideia é a de eliminar a invisibilidade do reservatório latente e atacar simultaneamente o vírus. Mais da metade dos camundongos que receberam anticorpos amplamente neutralizantes, junto com um coquetel de três indutores virais, não teve nenhuma replicação viral, até mesmo três meses e meio depois de sua última aplicação. 

Anticorpos amplamente neutralizantes sozinhos, ou mesmo em combinação com um único indutor viral, não têm esse efeito, nem combinações de drogas antirretrovirais e indutores virais que foram tentadas no passado. Os pesquisadores dizem que motivo pelo qual os anticorpos amplamente neutralizantes obtiveram sucesso onde as drogas tradicionais falharam é a sua capacidade de aproveitar diretamente o poder do próprio sistema imunológico do corpo usando receptores Fc, que aparecem em uma ampla variedade de células de ataque do sistema imunológico e as ajuda com precisão a atingir o alvo da infecção. 

"A grande surpresa do estudo foi o importante papel que a parte Fc do anticorpo teve em aumentar a potência de anticorpos amplamente neutralizantes", diz Jeffrey V. Ravetch, outro professor envolvido na pesquisa. "O seu efeito na neutralização de reservatórios latentes do HIV foi conduzido em grande parte pela ligação com o receptor-Fc."


Fonte: http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=22608

Obs.: Como foi divulgado aqui antes, no link http://somosmaispositivos.blogspot.com.br/2014/07/descoberto-mecanismo-para.html anticorpos amplamente neutralizastes são um caminho a ser percorrido para a cura.

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